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sexta-feira, 20 de março de 2009

Na pessoa de minha mãe, felicito todas as mulheres.

O que escrever para o Dia Internacional da Mulher?

Maguns Regis da Silva

De repente me veio o pedido para escrever algo sobre o Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de Março. Pensei em muitos temas pelo qual poderia desenvolver o texto e uma confusão se formou em minha cabeça.

Pensei em escrever sobre a luta histórica que todas as mulheres tiveram e ainda tem pelo reconhecimento de seus direitos e cidadania plena. Pesei: muito já foi escrito, posso falar sobre um tema batido, que muitas já falaram durante todo o mês de março, quem sabe, posso repetir frases e palavras de ordem. Com esse pensamento, algo me incomodou profundamente: Como pode, mesmo no século XXI, as palavras de ordem de um tempo passado permanecerem tão atuais e as mulheres permanecerem ainda tão descriminadas em diversas situações e ainda terem suas potencialidades tão subestimadas.

Prova disso, foi uma solenidade da Câmara Municipal de Teresina, realizada no dia 9 de março. Era uma sessão solene para a entrega do Premio “Mulher Destaque”. Fui destacado para cobrir o evento no momento em que concluía minha carga diária de trabalho. Na solenidade, o vereador Joninha (PSDB) ao premiar sua secretária mandou uma frase que, decididamente, não era para a ocasião: “Meu pai sempre me dizia, ‘por trás de um grande homem, existe sempre uma grande mulher’”. Nesse momento olhei a platéia, muitas mulheres baixaram a cabeça como sinal negativo mas tiveram suas almas lavadas ao ver a tenente-coronel Júlia Beatriz, uma das premiadas o corrigir prontamente: “A mulher não está atrás e sim ao lado, quando não, a frente”, ouviu-se os aplausos e os gritos de “muito bem!”, “É isso mesmo!”.

Pensei em escrever sobre a violência contra mulher, mas pensei mais uma vez: “Quem sou eu para falar disso. Nunca senti a força do braço, ou de um chute de um pé masculino agredindo qualquer parte do meu corpo e mais ainda o meu psicológico”. É! Concluí que os homens se utilizam da força bruta por que seus intelectos não são páreos para a força da sensibilidade e da mente feminina bem utilizadas e arquitetadas em argumentos. Meu Deus, quantas sofrem diariamente com a violência. Que bom seria se os homens aprendessem com as mulheres a superar a força física.

Pensei ainda em escrever sobre a dádiva da mulher em gerar dentro de si pessoas e projetos. Mas analisei pela terceira vez: “Quem sou eu para falar desse tema? Não posso sentir o pulsar e o desenvolver de uma vida dentro de mim”. Missão essa que vai além dos nove meses. É para uma vida toda, mesmo que não sejam pessoas e sim a própria vida doada em favor dos outros e outras que tanto necessitam de ajuda.

Pensei em muitos outros temas: sensibilidade, alegria apesar das dificuldades, mas concluo esse texto olhando para minha mãe bem aqui ao meu lado. Dona Maria do Carmo, do Carmo ou Dudu. Técnica em enfermagem por formação, bilheteira por profissão. Ela corrige as questões que fez em um concurso e está alegre por ter acertado boa parte das questões e ainda promete se dedicar para outros concursos. Quem a olha não sabe pelo que passou. Filha de um homem conservador, engravidou antes de casar, casou-se e ao todo teve quatro filhos. Com 16 anos de casamento viu o alcoolismo do marido terminar uma relação após muitas discussões que terminaram em agressão física.

Quando meu pai foi embora não nos deixou nada. Ela teve de “se virar” para sustentar a casa. Contamos com ajuda de vizinhos e da família de meu pai. Como sabia as atividades de técnico em enfermagem, foi para a Rodoviária de Teresina verificar pressão arterial a R$ 1,00, onde começou a sustentar a casa. De lá veio o convite para trabalhar em uma empresa de ônibus onde continua até hoje. Aos 45 anos tem a alegria de ver um neto que é a alegria da família, um filho que conclui a faculdade de jornalismo e uma filha que ingressa esse ano no curso de biologia da Universidade Federal do Piauí, um dos cursos mais concorridos. Agradeço a Deus pela sua garra de mulher que nos fez crescer em dignidade e caráter.

Dona do Carmo já está na sala de casa quando concluo esse texto. Olho para ela e penso: pode haver muitos outros exemplos, e eu sei que existem, mas ela é sem dúvidas o maior de todos os exemplos para mim. Na pessoa dela felicito a todas as mulheres

PS: Meu pai se tornou evangélico. Hoje reconhece o seu erro e procura repará-lo. O amo como sempre. E tenho certeza que se ele voltasse atrás, mudaria isso.

Que Maria, a face feminina de Deus abençoa todas as mulheres.

Magnus Regis é leigo ICM e estudante de jornalismo

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