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A Provícia é composta por 12 comunidades. Está presente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil- em 7 Estados: RN,PB,CE,TO,MA,BA E PI Com sede em Teresina - PI

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Assim eu vejo a vida

Assim eu vejo a vida
A vida tem duas faces: Positiva e negativa O passado foi duro mas deixou o seu legado Saber viver é a grande sabedoria Que eu possa dignificar Minha condição de mulher, Aceitar suas limitações E me fazer pedra de segurança dos valores que vão desmoronando. Nasci em tempos rudes Aceitei contradições lutas e pedras como lições de vida e delas me sirvo Aprendi a viver.
Cora Coralina

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Texto de Marcelo Barros

Marcelo Barros *
Adital -
Nesta semana, ao recordar o martírio de Zumbi dos Palmares, que, no dia 20 de novembro de 1697, deu a vida pela liberdade do povo negro e para que nunca mais nenhuma pessoa humana seja escravizada, grupos sociais de todo o Brasil se unem para celebrar a valorização da negritude e a contribuição das culturas afro-descendentes para o nosso país. O Dia da União e Consciência Negra nos remete à riqueza de uma sociedade pluralista, na qual a originalidade de cada cultura seja não só respeitada, mas possa contribuir com o conjunto. Zumbi dos Palmares não é herói apenas dos que se reconhecem negros e sim de todo o povo brasileiro. Ele e todos os que lutaram pela liberdade e igualdade dos seres humanos possibilitaram que o Brasil se reencontre finalmente com sua alma negra e possa assumir o fato de ser, mais do que qualquer país africano, a pátria da maior população negra do mundo.
Infelizmente, mais de 300 anos depois do martírio do Zumbi, as pesquisas oficiais confirmam: o Brasil branco continua sendo 2,5 vezes mais rico que o Brasil negro. Apesar das políticas sociais do governo terem conseguido tirar mais de oito milhões de brasileiros da miséria, as diferenças entre negros e brancos não têm diminuído. Os negros chegam a ser 64% da população brasileira mais pobre. Enquanto esta realidade não for transformada, a lei que proíbe o racismo continuará sendo, na prática, desrespeitada. A sociedade mantém a máscara do respeito à igualdade de todos, mas se organiza de forma que os negros continuem social e economicamente discriminados. Eles vivem esta experiência há mais de cem anos, quando foram "libertados" da escravidão, sem qualquer indenização, nem política social que permitisse o mínimo de integração social aos ex-escravos, jogados à rua, sem casa, sem trabalho e sem nenhum direito social.
Desde a Conferência da ONU contra o racismo em Durban (África do Sul, 1991), cresce no mundo a idéia de exigir "indenização pelos anos de escravidão" e formular "uma política de reparação pelas injustiças sofridas". O mundo pagou indenização aos judeus pelo que sofreram nos anos do holocausto nazista. Governos de países latino-americanos que torturaram pessoas e assassinaram militantes em épocas de ditadura aceitam pagar indenizações às famílias pelo que os seus pais e avós sofreram. Entretanto, até aqui nenhum dos países que se enriqueceram com o seqüestro e a escravidão dos irmãos e irmãs da África aceitam restituir um pouco do que roubaram a estes povos, hoje, empobrecidos e em situações de grande carência. Ao contrário, governos e empresas de países da Europa, como também dos Estados Unidos continuam explorando diamantes e petróleo de vários paises africanos através da mão de obra quase escrava e da conivência de governos corruptos que se enriquecem à custa da miséria de seus cidadãos.
Tudo o que pode favorecer a superação de quaisquer preconceitos e discriminações deve ser apoiado para que consigamos construir relações em que as pessoas se enriqueçam com os diferentes e as diferenças. Neste assunto, ainda temos longo caminho a percorrer. No Brasil, a atual política de cotas nas escolas ou em certos trabalhos públicos tem defeitos e não atinge a raiz dos problemas, mas provisoriamente, pode ajudar a que a população negra e seus descendentes tenham mais condições de acesso à sociedade na qual sempre foram discriminados. O jornal Valor dedicou a capa do seu suplemento semanal de fim de semana ao fato de que a Universidade Zumbi dos Palmares, que tem 87% de seus alunos negros, formou sua primeira turma (ela foi criada em 2003). Conforme o jornal, a maioria destes 126 alunos, formados em Administração de Empresas e Direito, já se submetem a concursos e exames de admissão em empresas nacionais e internacionais. O resultado está sendo um excelente índice de aprovação (Cf. Valor, 09- 11/11/ 2007).
É importante este reconhecimento do talento de tantos jovens que, antes eram praticamente impedidos de aceder à universidade e a certos empregos simplesmente por serem negros e pobres. Entretanto, esta integração só vale a pena se, para ser incluídas na sociedade, as pessoas não precisem renunciar a sua identidade original e quase deixar de ser negras. Ora, um dos grandes valores das culturas afrodescendentes é justamente não se privar de sua liberdade em função das conveniências do mercado. O que toda sociedade brasileira pode aprender de muitas comunidades negras é que o sentido da vida é possibilitar a todos condições de se humanizar na convivência uns com os outros e na valorização dos elementos mais gratuitos da vida, como o lazer, a arte e a busca espiritual.
Sobre isso, as Igrejas cristãs têm uma dívida moral com as culturas e religiões negras. Se no passado, diversas Igrejas condenaram e perseguiram estas formas de fé, atualmente, o Conselho Mundial de Igrejas, que reúne 340 confissões cristãs, afirma que ninguém pode, em nome do Evangelho, negar o direito das comunidades negras ou indígenas de ter suas tradições espirituais próprias e autóctones, como não se pode menosprezar sua forma de crer e cultuar a Deus.
Zumbi não conseguiu o fim da escravidão, menos ainda a superação do racismo. Mas, sua história e seu exemplo nos ajudam a prosseguir o caminho da liberdade e a lutar contra qualquer tipo de discriminação e injustiça. Ainda hoje, milhares de brasileiros/as cantam com convicção: "Ei, ei, Zumbi, Zumbi, ganga meu rei, você não morreu, você está em mim...".

terça-feira, 20 de novembro de 2007

20 de novembro dia da Consciência Negra!

O governo brasileiro está sinalizando que o combate ao racismo não pode ser apenas uma carta de princípios. A elaboração de políticas públicas é fundamental para promover a igualdade entre o branco e o negro. Por isso, um grupo de trabalho tirado da Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, realizada de 30 de junho a 2 de julho, deverá entregar ainda este ano propostas para a formulação do Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial. A ministra Matilde Ribeiro, responsável pela Secretaria Especial de Promoção de Políticas de Igualdade Racial explica que antes das propostas sejam formatadas em um plano, elas serão analisadas por um segundo grupo de trabalho formado por setores de governo para os quais elas serão destinadas. Segundo ela, haverá uma reunião avaliativa do trabalho já realizado na primeira quinzena de agosto.
As estatísticas demonstram que a desigualdade racial está no cerne da exclusão social no Brasil. Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em 1976 as pessoas negras e de cor parda eram 39,5% da população do País e 57,6% da parcela mais pobre. Em 2001, 25 anos depois, os negros compunham 46,1% da população e 69,6% dos mais pobres.
No Brasil, segundo o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do ano 2000, o Rio de Janeiro é o Estado com maior desigualdade de renda entre brancos e negros. A renda per capita média dos brancos era de R$ 557,611 mensais, mais que o dobro (1,35 vez mais) do que o rendimento dos negros (R$ 236,531 por mês). A desigualdade em todo o território brasileiro, porém, supera a de qualquer Unidade da Federação: os brancos ganham, em média, 1,49 vez mais que os negros (R$ 406,535 e R$ 162,749 mensais, respectivamente).
Além da renda, a desigualdade racial tem interferência direta no nível de alfabetização dos negros. De acordo com o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, o percentual de negros analfabetos no País em 2000 era de 18,69% e a de brancos, 8,31%. O Rio Grande do Sul é o Estado com maior diferença na taxa de analfabetismo de brancos e negros. De acordo com o Censo de 2000, no Estado, a porcentagem de negros com mais de 15 anos que não sabem ler nem escrever um bilhete simples é de 12,36%, mais que o dobro (1,3 vez maior) da taxa de analfabetismo entre os brancos (5,37%).
Diante da gravidade don problema no País, a Secretaria Especial de Promoção de Políticas de Igualdade Racial tem defendido que a inserção da luta contra a desigualdade social na lista de Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Fonte: Adital.
Não fique calada, calado, denuncie toda e qualquer forma de racismo.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Mulheres pedreiras

Gerli de Santana e Maristela dos Santos Castro, fizeram a capacitação e hoje são pedreiras, construiram as 16 cisternas juntamente com um pedreiro, assim elas dizem: ' saíamos de casa as seis horas da manhã e retornávamos as sete horas da noite, quando chegavamos em uma casa começávamos a trabalhar direto, com a ajuda da mulher da casa, fazíamos a massa, levantavamos as paredes, rebocava, as pessoas da família e as mulheres, carregavam a água... Levamos um mês e 6 dias para construir todas as cisternas'. assim Maristela diz: com a cisterna posso afirmar que acabou a seca, vamos ter água digna para beber. Eu fiz o curso, aprendi a trabalhar para poder fazer a minha cisterna e a das minhas companheiras.'

Famílias benefíciadas

Momento dos agradecimentos a Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria pela contribuição financeira para a construção das cisternas.
As famílias benifíciadas com as construção das 16 cisternas

Preparação para a celebração

Agua fonte de vida... Os potes cheios, as cuias que distribuem, partilham a água, certeza de benção e vida para todas, todos.A comunidade toda abençõa e agradeçe a Deus numa prece de louvor
As mulheres abençoam a água que será distribuida as famílias.

Momento da celebração, Dona Zélia com o pote de àgua que será abençoada e distribuida a todas as familias benifíciadas com as cisternas.

As mulheres cuidam de cada detalhe para que tenha comida para todas e todos

As mulheres enfeitam o ambiente para celebração de inauguração das cisternas. Em meio a triste realidade da seca, a beleza da natureza com as lindas árvores de flanbaian que em sua generosidade trazem beleza e harmonia.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Algumas famílias benifíciadas







Projeto - Construção das cisternas

O projeto para construção das cisternas foi feito pela Comunidade das irmãs do Parque Alvorada, Teresina, PI em parceria com a Associação das Mulheres da Comunidade Boi Morto e a Comissão Pastoral da Terra, Regional - Pi.
O projeto foi encaminhado para a Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria - Sociedade Educação e Caridade - Província de Caxias do Sul, o mesmo foi aprovado, com os recursos foram construidas 16 cisternas.

Retratos da seca
















Encontramos pelo caminho muitos animais mortos, o gado não resite, os reservatórios que são abastecidos pelos carros pipas não tem mais água, pois a prioridade passa a ser pelas pessoas diante de tanta falta de água.

Retratos da Seca nas terras do Piauí


Ao longo dos 580 km percorridos esta era a paisagem, seca, seca, seca....

Realidade da seca

Toda região Sul do Piaúi está vivendo uma longa estiagem de 10 meses, onde a paisagem é totalmente cinza, a única vejetação verde que encontramos pelo caminho é o mandacaru.

Inauguração das cisternas


Aconteceu no dia 13 de novembro a inauguração das 16 cisternas contruidas na comunidade Boi Morto, município de São Raimundo Nonato.
A comunidade Boi Morto fica a 580km da capital Teresina, uma realidade de muita seca, onde a falta de água potável é uma triste realidade.
A grande maioria das famílias é chefiada por mulheres, pois os homens nesta época do ano saem a procura de trabalho em outros estados, muitas vezes caindo nas ciladas do trabalho escravo.
As mulheres e crianças assumem toda responsabilidade da família, a água é de péssima qualidade e numa distância de 2 km, dividida com os animais da região, a única barragem onde as famílias buscavam água para o consumo, lavagem da roupa, banho, devido a longa estigem secou o que agrava ainda mais a vida da população, agora dependem dos carros pipas e de alguns barreiros de água que é de pessíma qualidade.
A construção das cisternas, é uma alternativa para melhoria de vida das famílias, pois há condiçoes de armazenar água para o período da seca, bem como melhoria na qualidade de vida, devido a qualidade da água as pessoas sofrem de problemas nos rins, estomago, principalmente as pessoas mais velhas e as crianças.

sábado, 10 de novembro de 2007

Mulheres, Mulheres, Mulheres...

A mulher é uma mercadoria como outra qualquer,
diz o antropólogo Marc Auge
“A prostituição revela a verdadeira face do utilitarismo capitalista”, diz o antropólogo francês, Marc Augé. E o espetacular incremento do número de prostitutas nos últimos 15 anos “é filho da globalização”.
Marc Augé é o autor da fórmula “não-lugar” [Não-lugares. Introdução a uma antropologia da supermodernidade (Papirus, 1994)], que tanto êxito teve para representar e esclarecer dinâmicas da sociedade contemporânea. Perguntado pela formas de exploração que hoje afetam 500 mil pessoas em toda a Europa – mais de 30 mil na Itália –, lança sua acusação: “O tráfico de escravos do Terceiro Mundo é o produto de nossas sociedades. Alimenta-se de necessidades consubstanciais com o atual sistema econômico no qual tudo, inclusive os seres humanos, é reduzido a mercadoria”.
Segue a íntegra da entrevista que o antropólogo Marc Augé concedeu ao jornal italiano Il Manifesto, 3-11-2007. Tomamos a tradução espanhola do sítio La Haine, 7-11-2007. A tradução é do Cepat.
Por que, depois de anos de diminuição, nos últimos quinze anos cresceu novamente de maneira exponencial o número de prostitutas?
Trata-se de um dos vieses negativos de uma globalização em que tudo se converte em objeto de comércio. Também a vida humana. É um fenômeno que se dá em ambos os sentidos: através da importação de escravas que são vendidas nas aceras de nossas ruas, mas também, graças ao turismo sexual, em países em que a pobreza é tão grande, que força muitas mulheres a colocar o próprio corpo em leilão. Um fenômeno que se desenvolveu inclusive em concomitância com a ampliação das economias nacionais e dos mercados.
Então, a prostituição como o negativo de nosso sistema econômico e social?
A prostituição é um fenômeno extremo, e precisamente por isso permite reconhecer mais facilmente as estruturas sociais dominantes. No caso da Europa de hoje, reflete de maneira particularmente explícita e clara a cultura especificamente utilitarista e comercial do capitalismo. Uma cultura na qual tudo, até a própria existência individual, se converte em instrumento de satisfação do consumo. Uma cultura que teoriza a livre circulação das mercadorias, obrigando assim as pessoas que querem chegar ao Ocidente a se transformar em bens de consumo.
Contudo, as nossas são sociedades em que há uma relativa liberdade sexual.
É verdade, mas a ilusão de uma transformação antropológica, característica dos anos sessenta, era isso, uma ilusão. Desaparecida, por exemplo, a perspectiva de uma paridade completa homem-mulher, determinados modelos ancestrais reapareceram com todas as raízes intactas. Por essa razão, muitos clientes sustentam que andar com prostitutas lhes permite fazer com elas coisas que não podem fazer com suas mulheres. Com a diferença de que, hoje, aquelas pulsões ancestrais assumem características típicas de nosso tempo, e se expressam em relações cunhadas pelo sistema em que vivemos. A cultura consumista, por exemplo, estimula a prostituição enchendo a nossa vida cotidiana com inúmeras imagens eróticas, a fim de gerar novas necessidades, novas exigências e novas fatias de mercado.
Num recente estudo francês aparece uma elevadíssima taxa de violência dos clientes em relação às prostitutas.
Trata-se de um fenômeno muito complexo, no qual entram em jogo os clássicos mecanismos de dominação machista. No caso específico, o fato de que estas mulheres não sejam prostitutas, mas verdadeiras escravas, pessoas que não escolheram exercer essa atividade, mas às quais isso foi imposto à força, as torna ainda mais atrativas para um certo sadismo que se alimenta da imagem do branco dominador que maltrata a mulher, ser mais frágil e acima de tudo, pertencente a populações consideradas inferiores. Este é o esquema, alimentado e difundido pelos meios de comunicação e pela natureza arquicomercial do atual capitalismo. Por essa razão, hoje, as prostitutas já não são mais seres humanos, mas objetos para usar e descartar.
Como você analisa o fenômeno fora dos grandes centros habitados, no campo ou nos centros provinciais?
É uma prova a mais de um tipo de globalização consistente em submeter o território às exigências do consumo. Um fenômeno que coincide com o desaparecimento, cada vez mais claro, da distinção entre campo e cidade. Para dar-se conta disso, basta viajar: já não existem oásis ou descontinuidades na exploração do território. As prostitutas-escravas não são uma exceção; estão disponíveis em qualquer lugar.

Fonte: IHU - Instituto Humanitas de Ensino, 09.11.07

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

"Renda-se, como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei.
Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento"
(Clarice Lispector)

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Irmãs: Maria Odete, Iraídes, Telma, Tatiana,
Maria Iracema e Salvani. 27 e 28-10-2007
Teresina - PI


Encontro das Irmãs Junioristas

Encontro das Irmãs Junioristas com Ir. Iraídes
e Ir. Maria Odete.
Momento forte de partilha e vivência da Missão.


sábado, 3 de novembro de 2007

Isso não vale - A vale é nossa.


Grito dos excluídos - Fortaleza - CE


Participação no Grito dos excluídos - Comunidade do Postulado - Fortaleza, CE


Comunidade do Postulado na celebração da vida


jovens postulantes - Fortaleza


Assembléia Popular - Ir. Eurides Alves de Oliveira

A assembléia popular é a Organização do Povo. È um processo plural, integra as forças sociais vivas e atuantes em prol da gestação de um Projeto Nação para o País! Trata-se de um mutirão de construção por um Novo Brasil, visa a articulação e fortalecimento das lutas sociais e políticas pelos direitos dos empobrecidos e empobrecidas. È uma convocação á cidadania. São mais de 40 entidades nacionais envolvidas na articulação das Assembléias populares que estão acontecendo na maioria dos estados e municípios da federação, se preparando para a realização consciente e prepositiva na II Assembléia Popular Nacional, que acontecerá no mês de outubro em Brasília...
Você está participando deste processo?
Se estiver ótimo, continue...Se ainda não, procure participar é um espaço, um processo privilegiado para o exercício da cidadania e a prática solidária com as causas populares!

“O verdadeiro poder de transformação social está nas ruas, nas praças e nos campos. Está na organização popular. Sem esta, pouco será capaz de fazer um governo, por mais democrático que seja. Somente a organização dos movimentos sociais e suas mobilizações podem dar suporte e continuidade às mudanças mais profundas. Só a força popular organizada é capaz de mover a sociedade, é o principal motor da história...” (Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS).

GRITO DOS EXCLUÍDOS E EXCLUÍDAS – 07 DE SETEMBRO DE 2007 ISTO NÃO VALE! Queremos participação no destino da nação.






Companheiras e Companheiros do Brasil
Atenção no que eu vou dizer
Nos meus versos em poesia
Para toda gente entender
Pois este ano de 2007
Mais um Plebiscito vai acontecer.

Lembram do Plebiscito da ALCA
Em 2002 os Movimentos se mobilizaram
Disseram NÃO Contra a ALCA

Mais de 10 milhões de pessoas votaram
Contra a Invasão dos Estados Unidos
Em defesa da nossa Soberania Gritaram.

Este ano de 2007 mais uma vez
Vai ter outro Plebiscito, outra Votação

Sobre a Vale do Rio Doce
Vamos Sim, Anular o Leilão
É preciso formar os Comitês
E participar dos Encontros de Formação.

A Companhia Vale do Rio Doce
Em 1942 foi criada
Segunda Empresa Brasileira
De forma fraudulenta foi Privatizada
No Governo Fernando Henrique
Fizeram essa marmelada.

A Vale atua em 14 Estados
Do nosso chão brasileiro
É proprietária de 10 Portos
Tem jazidas de minérios até no estrangeiro
9 mil quilômetros de estradas de ferro
Tem minérios de vários tipos

Maior produtora de Manganês
Tem nióbio, urânio, ouro, titânio
Foi vendida por três bilhões vírgula três
Este valor é menor do que a Vale
Lucra a cada três meses.


Em mil novecentos e noventa e sete
Quando foi privatizada
Valia mais de 92 bilhões
28 vezes a mais ela custava
Grande assalto à Soberania Brasileira
As nossas riquezas sendo roubadas.

Só com o lucro da Vale
Entre 98 a 2006
Daria para comprar 105 Hospitais
Para atender 25 mil pessoas por mês
43 Universidades com 17 mil alunos
Empregando só Professores 273.

I28 mil casas populares
Este era o orçamento
Para as famílias terem onde morar
1.032.903 em assentamentos
Para todo esse povo plantar
E ter Vida Digna e contentamento.

Para os Movimentos Sociais e o Povo
Foi uma grande traição
Por isso vamos se juntar e lutar
Para anular o Leilão
Da Vale do Rio Doce
E dizer Não à Privatização.

Diante de tantas irregularidades
Tem até Juíza pedindo a Anulação
Obrigando a Justiça de Belém
A dar seguimento à Ação
Mais de 100 Ações populares
Há respaldo Jurídico para anular o Leilão.

Ninguém pode violar a natureza
Ninguém pode vender o AR
Ninguém pode vender o FOGO
Ninguém pode vender o MAR
Ninguém pode vender o CHÃO
Ninguém tem direito do País acabar.

Isso Não Vale, o Neoliberalismo
Não Vale a Corrupção nem a Exclusão
Não Vale a atual Política Econômica
Não Vale do Rio São Francisco Transposição
Não Vale o pagamento das Dívidas
Não Vale de jeito nenhum a Privatização.
Não Vale o Banco Bradesco
Ter sido um dos Ouvidores da Vale
De forma camuflada, fraudulenta
Ser um dos compradores, que cilada
Do verdadeiro Patrimônio Público
Esta é a grande realidade.

Não Vale políticos corruptos
Que só pensam no seu Bem-Estar
Enriquecendo a custa da miséria
Dos bem Públicos só fazem roubar
Se dobram diante das Políticas Neoliberais
Deste Modelo Econômico que aí está.

Não Vale a Criminalização
Dos Movimentos Sociais
Não Vale uma Polícia despreparada
Que violenta, mata como marginais
Não sabem lidar com as pessoas
Usam suas forças de formas brutais.

Não Vale a Concentração
De Terras e de Riquezas
Não Vale a Impunidade, o desemprego
Não Vale o alto lucro das empresas
Não Vale o Machismo, o trabalho escravo
Não Vale tanta gente vivendo na pobreza.

Não Vale a UDR, o Latifúndio
Não Vale Lula chamar de Heróis Usineiros
Não Vale altas taxas de Energia
Quem sofre são os pobres brasileiros
Não Vale os Bancos Lucrar tanto
Eita bando de Injusticeiros.

Isso Sim, Vale muito mesmo
O povo com Vida e Dignidade
Educação, Saúde e Moradia
Trabalho, Ética e Solidariedade
Vale Políticas Públicas Sociais
Reforma Agrária de Qualidade.

Vale a Formação Política dos Militantes
Cobrar do Governo a Reestatização da Vale
Defender o Patrimônio Público do Pais
Fazer acontecer as Assembléias Populares
Estimular as lutas Sociais
Mutirão por um Novo Brasil aí Vale.

Vale uma Auditoria Pública
Sobre a Dívida Interna e Externa
Vale acreditar na Força Popular
E numa Vida mais Fraterna
Democratizar os Meios de Comunicação
E valorizar a Vida que é tão Bela.

Vale a Agricultura Camponesa
Vale a Soberania Alimentar
Vale o Povo em Marcha
Vale o Povo em Povo acreditar
Vale a Esperança a Utopia
Vale Sim Viver, Amar e Sonhar.

Vale o Povo nas ruas
Para o Brasil Transformar
Vale o povo consciente, politizado
Para a História continuar
E numa grande Ciranda
A Vitória da Vida a comemorar.

Isso Sim Vale a pena mesmo
Os Movimentos Sociais Organizados
Vale o Protagonismo Popular
Tem que tá todos bem Articulados
Para as Mudanças acontecerem
O Povo lutando Mobilizados

É grande a nossa tarefa
De mãos dadas atravessar a Ponte
Mobilizar a grande Massa
E beber Água na Fonte
Participar ativamente do Plebiscito
E caminhando em busca do Horizonte.

De 01 a 07 de Setembro (de 2007)
Vamos no Plebiscito Votar
São muitos os Desafios
Mas vamos o Leilão Anular
Pois a Vale é do Povo, é Nossa
Vamos o Brasil Transformar.

Sônia Freitas, da Comissão Pastoral do Pernambuco - soniafbrandao@terra.com.br

Trafico de Seres Humanos - Artigo de Magnus Regis, estudante de jornalimo.

TRÁFICO DE SERES HUMANOS CRESCE ASSUSTADORAMENTE

As vítimas desta modalidade de crime dão lucratividade de 32 bilhões de dólares por ano no mundo todo

O Tráfico de Seres Humanos vem crescendo assustadoramente e assumindo dimensões cada vez maiores. Atua atraindo pessoas das mais variadas idades para o trabalho forçado, e hoje, já é considerada, uma forma moderna de escravidão.
O tráfico de seres humanos é uma rede de mercado inserido no crime organizado que atualmente, segundo as Nações Unidas Contra Drogas e Crimes (UNODC), lucra entre US$ 13 mil a US$ 30 mil por pessoa ao ano, e de forma geral fatura em todo o mundo aproximadamente US$ 32 bilhões de dólares por ano, ficando atrás apenas do mercado de armas e de drogas.
Trata-se de uma prática antiga de “recrutamento” de pessoas (homens, mulheres, crianças e adolescentes) para fins de transplante de órgãos, trabalho escravo e exploração sexual em todo o mundo, conforme denunciam as organizações internacionais de direitos humanos e a Organização das Nações Unidas (ONU).
Na maioria dos casos, as vítimas são pessoas pobres, na sua maioria mulheres, porém também somam a estes números adolescentes e crianças, que são atraídas com promessas de casamentos, melhores oportunidades de vida e terminam nas mãos de aliciadores para serem levadas a cativeiros em outros Estados e países, na sua maioria, da Europa. Também entram nestes índices homens traficados para o trabalho escravo, que já somam mais de 25 mil pessoas no País.
Os aliciadores são majoritariamente homens que estão na faixa de 30 anos de idade, e são impulsionados para esta prática pelo desejo do lucro rápido e também pela pouca exposição deste tipo de crime na mídia. O “olheiro” como é chamado o aliciador ganha, segundo os Serviços de Assistência as Vítimas, cerca de R$ 600 por pessoa.
“Por muito tempo essa prática foi tratada de forma preconceituosa e de julgamento moral contra as mulheres, mas nas últimas décadas, organizações da sociedade civil vêm fazendo denúncias sucessivas e hoje o próprio governo já considera isso um crime” É o que diz Ir. Eurídes Alves de Oliveira, membro da rede - “Um Grito pela Vida” que reúne 30 religiosas de diversas Congregações no Brasil que trabalharam na prevenção e assistência as vítimas do Tráfico de seres humanos.
Ir. Eurídes Alves Ir. Eurídes conta que em todo o Brasil, segundo os dados da ONG CECRIA, há 241 rotas de tráfico para fins sexuais sendo 131 internacionais, 78 interestaduais e 32 intermunicipais.

ROTAS DO TRÁFICO
A região Nordeste concentra a maior parte das rotas internacionais sendo 32 para a Espanha, 11para a Holanda, 10 para Venezuela e 9 para a Itália.
Segundo Ir. Eurídes, as pesquisas na área mostram
que Goiás e Ceará lideram como locais de origem de vítimas para o tráfico com fins sexuais. O Ceará tem na capital Fortaleza, a principal ligação de pessoas para o tráfico internacional e ainda existe a suspeita de uma rota em Caxias no Maranhão.

Locais de aliciamento:
Residências: 26,95
Internet: 24,81%
Ponto de concentração de pessoas: 11,51%
Bar/restaurante: 8,02%
Boate/casa de massagem: 7,95%
Prostíbulo:4,75%
Hotel; 2,31%
Praia: 0,72%
Escola: 0,33%
Agência de Modelos: 0,16%
Não Informado: 0,54%
Outros: 11,87%
PENALIDADES

Segundo o Código Penal o tráfico de seres humanos (homens mulheres e crianças) está ligado diretamente ao Cárcere privado, exploração sexual forçada e escravização, e pode ser enquadrado nos artigos 148 (Seqüestro e cárcere privado), 149 (redução análoga a escravidão) e 231(tráfico de mulheres), com penas que variam de 2 a 8 anos de prisão e em alguns caso com multa.


O COMBATE

Em fevereiro de 2007 o Governo Federal, através do Ministério da Justiça, lançou a Política Nacional de Enfretamento ao Tráfico de Pessoas, o que é considerado pelas Organizações de combate ao Tráfico um importante passo. Segundo a política, o combate será intensificado com campanhas educativas em escolas, aeroportos e rodoviárias e envolverá um maior número de ministérios e ONG’s. As denúncias feitas sobre o tráfico, são encaminhadas a Polícia Federal.

Por outro lado, as vítimas do tráfico quando retornam não recebem assistência por parte do governo, como denuncia Ir. Eurídes “As pessoas quando conseguem escapar ou fugir, quando voltam não tem espaço de apoio e de acolhida para assistência as vítimas para restabelecimento, acompanhamento psicológico e a inserção desta pessoa na sociedade”.

Somente a denuncia e prevenção podem combater este tipo de crime que a cada dia cresce fazendo um número maior de vítimas.

CONTRIBUIÇÕES:

- RONNEY OLIVEIRA, é estudante do 6º período de Direito da UESPI e estagiário do TRT da 22a região.
E-mail: ronneyoliver@yahoo.com.br

- Ir. Eurídes Alves de Oliveira, ICM, é socióloga, membro da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria e articuladora da Rede pela erradicação do Tráfico de Seres humanos - “Um Grito pela Vida”.
E-mail: ireurides@hotmail.com.
Texto apresentado como trabalho universitário, por
Magnus Regis, Estudante de Jornalismo e educador social comunidade Nª Sª do Perpetuo Socorro, Teresina, PI

Monografia de Ir. Marinete Ferreira dos Santos

Quais as conseqüências na vida de uma criança ou adolescente vítima do abuso sexual?
Ir. Marinete Ferreira dos Santos
Esta se constitui a questão central da monografia que apresentei ao concluir o ano de especialização do curso de Psicologia, no Centro Universitário de João Pessoa – UNIPE a qual se desenvolveu em base à pesquisa bibliográfica e de campo.
O abuso sexual de crianças e adolescente vem sendo, internacionalmente reconhecido pela maioria dos autores como um problema de saúde pública, de educação e de justiça, presente em todas as camadas da sociedade.
No Brasil, o abuso sexual, também se apresenta como grande vulnerabilidade sócio- econômica, política e cultural, desde a família da vítima, estendendo-se às instituições encarregadas de zelar pelos direitos da criança e do adolescente, pois ainda não se viabilizam as necessárias políticas públicas já garantidas pela legislação federal.
No conjunto dos fatores que sustentam essa grande vulnerabilidade, destacam-se: a “lei” do silêncio domiciliar que impede a legitimação das denúncias junto aos órgãos competentes, a morosidade da justiça para os julgamentos e a impunidade da maioria dos abusadores.
Neste contexto, quantas crianças e adolescentes num silencioso clamor vivenciam profundos sentimentos que ferem a sua dignidade, cujas conseqüências poderão perdurar ao longo da sua vida!
Em base à pesquisa bibliográfica, considera-se que as conseqüências do abuso sexual são inúmeras na vida de uma criança ou adolescente, manifestando-se em impactos biológicos, psicológicos e sociais. Alguns podem perdurar ao longo da vida como se constatou na pesquisa de campo, junto a três mulheres abusadas sexualmente, quando crianças ou adolescentes.
Na fala das entrevistadas, constata-se que a história de vida de cada uma, na sua infância e adolescência foi marcada por sentimentos e impactos de ignorância, silêncio, dor, medo, ódio, dependência, engano, ameaça e conflito. Em conseqüência, hoje, elas vivenciam situações de sofrimento, culpa e revolta.
Considera-se que esta pequena amostra da pesquisa de campo revela uma gama tão expressiva e indelével de sentimentos, cujas conseqüências - o sofrimento, a culpa e a revolta continuam inerentes no cotidiano dessas três mulheres. Então, que proporções teria o registro da história de vida das milhares e milhões de vítimas do abuso sexual, cuja ocorrência continua silenciada?...
Neste cenário, cujos personagens estão por trás do palco, como poderia se projetar outra sociedade possível - sem vítimas do abuso sexual?
Em base a este questionamento, constata-se que as mulheres já mencionadas, apesar de guardarem sentimentos e conseqüências do abuso sexual, que ferem a sua dignidade, hoje são portadoras de um dinamismo pessoal positivo, que na sua fala transparece em posturas de posicionamento, auto-afirmação e reconstrução da própria história.
Para essas mulheres decidirem romper com a submissão opressora do agressor, construir uma nova relação familiar digna, buscar apoio psicológico junto a pessoas em espaços diversos e inserir-se na comunidade local são fatores muito significativos, os quais confirmam que a desconstrução do trauma do abuso sexual é possível.
E como seria possível desconstruir a prática do abuso sexual em nosso país, diante da complexidade institucional já constatada – “a lei” do silêncio domiciliar? A morosidade da justiça para os julgamentos? A impunidade da grande maioria dos abusadores? A apartação entre as leis promulgadas e a viabilização das mesmas em políticas sociais de atendimento?
Sem dúvida, um processo educativo articulado entre todas as instituições encarregadas de zelar pela proteção integral da criança e adolescente é uma alternativa muito promissora para a construção de outra sociedade possível - sem o crime do abuso sexual. Para tanto, se faz necessário que esse processo educativo se desenvolva em programas eficazes, junto ao respectivo público, extensivo à população em geral, através dos mais diversos meios.
Como proposta de reintegração bio-psico-social de pessoas que sofrem, em conseqüência do abuso sexual ocorrido, quando crianças ou adolescentes, destaca-se como alternativa de grande eficácia, a Abordagem Centrada na Pessoa - ACP, preconizada por Carl Rogers.

Encontro sobre Projetos Sociais - Teresina - PI


Sede da Província Cristo Libertador


Amazônia chão das águas

“Aceitar as surpresas que transformam teus planos, derrubam teus sonhos,
dão rumo totalmente diverso ao teu dia e quem sabe, a tua vida.
Não há acaso. Dá liberdade ao Pai para que Ele mesmo conduza a trama de teus dias.” Dom Helder

Queridas Irmãs, compartilho com vocês o tempo que estive na Amazônia, foram três meses de intensa vida partilhada junto aos povos amazônicos. Chegar a uma terra desconhecida foi o primeiro desafio, o primeiro contato com os lugares que eram só nomes foram se tornando reais, passam a ser história de minha vida, tem rosto, tem nomes, tem afeto, laços de ternura, encantamento, surpresas. Uma constante aprendizagem diante da diversidade dos povos lá residentes. O segundo foi sair da terra firme e andar pelos imensos rios amazônicos, deixar de lado todas as seguranças e adentrar ao desconhecido, inseguro, novo, o que requer coragem, disposição e espírito de aventura.
Estive junto a Equipe Itinerante, um grupo de Religiosas, Religiosos , Leigas e Leigos que assumem a missão junto aos povos indígenas, ribeirinhos e marginalizados urbanos, o trabalho é na área da educação indígena, formação de lideranças, medicina tradicional, formação de comunidades.
A comunidade missionária esta inserida numa pequena ocupação no Bairro de Letícia – Colômbia, fronteira com Tabatinga-AM em uma casa de palafita. A comunidade se caracteriza pela Itinerância nas comunidades, aldeias, periferias, paises.
Tabatinga faz fronteira com Peru e Colômbia, uma cidade de mais ou menos 40 mil habitantes, em sua maioria migrantes dos dois paises, com grandes problemas na área da mobilidade humana, narcotráfico, tráfico de seres humanos, violência. Por ser uma cidade de fronteira é toda cercada por militares do exército brasileiro e americano, fator que agrava os problemas e evidencia a cobiça dos Paises que exploram a floresta.
Durante os três meses tive uma programação intensa:
Nos 10 primeiros dias pude conhecer a realidade de Tabatinga, e cidades vivinhas, Letícia – Colômbia, Santa Rosa e Islândia no Peru.
A primeira itinerância foi para um Encontro Geral das Lideranças indígenas do Vale do Javari, onde ficamos 20 dias entre viagem e encontro. O Vale do Javari, que faz fronteira com o Peru e a Colômbia, vivem os povos Kulina, Kanamari, Mayuruna, Matís, Korubo e Marubo. A área possui o maior número de aldeias de índios não-contatados do país, ou seja, aqueles que vivem sem qualquer relação com a sociedade envolvente. Na região, há um problema grave de casos de hepatite e malária.. Uma área de 8 milhões e 500 mil ectares, para nós brancos podermos entrar nesta área é preciso a permissão do Departamento de Índios Isolados, Frente de Proteção Etno-ambiental.
Neste encontro pude ter uma visão geral dos Povos do Vale do Javari, em relação à precariedade da saúde, que tem números alarmantes de malaria, hepatite, desnutrição, diarréia, gripe...uma população de 3.583 indígenas. Um olhar para a forma de organização e resistência para manter viva a cultura do povo, a problemática da educação, o resgate da saúde tradicional e o desafio em manter os jovens nas aldeias, com o contato com a cidade e a tecnologia.


A segunda itinerância foi de um mês, para o Rio Curuçã, fronteira com o Acre, uma viagem de 10 dias, para chegarmos à aldeia. Percorremos 900km em uma pequena canoa, com 11 indígenas, este foi o maior desafio, passar dez dias sem caminhar, vivendo em um pequeno espaço, passando o dia e a noite sentados, deitados em um espaço apertado dividindo tudo com todos, foi à experiência mais profunda de inserção na vida do povo que tem seu único meio de transporte a canoa e passa semanas, meses andando nas águas para chegar a uma cidade, povoado, aldeia. As distâncias são enormes, a comida é providenciada durante a viagem, o que a floresta em sua generosidade oferece a quem dela vive, o que muitas vezes nem sempre é encontrado pelas cheias ou baixas dos rios, fases da lua...
A terceira itinerancia foi de 20 dias junto aos povos ribeirinhos que vivem as margens do Rio Solimões em São Paulo de Olivença. Vistamos 17 comunidades indígenas, Kocamas, Ticunas, Kambebas e Kaixana, que pelo contato com o branco perderam muito sua cultura e agora estão em processo de resgate de sua identidade.
Depois de cada itinerância, retornávamos a nossa comunidade – casa - para recuperamos as forças, nos curar das tantas picadas de insetos, que pela falta de costume nos enchíamos de feridas e ‘perebas’, celebrarmos, partilharmos a missão, avaliar e planejar as novas itinerâncias.
Foi um tempo muito precioso, compartilhar a vida com outras congregações, com os leigos e leigas, sair da terra firme e andar nas águas, desapegar-se de tudo, levar só o necessário, viver o hoje o agora, pra mim que sou de uma cultura do acumulo, do fazer hoje para ter amanha, é um outro jeito de ver a vida, entender o mundo.
Conviver nas aldeias foi o tempo mais profundo de vivencia de minha espiritualidade, participar dos rituais de cura, pajelança, ouvir os tantos mitos, as danças, a troca, a busca de conservar os valores da cultura,e é claro perceber que o povo não só vivem da floresta, mas são a própria floresta.
O tempo foi curto, porém muito intenso, vivi cada dia, com muito respeito, escuta e certeza de estar numa terra sagrada, junto aos povos sagrados, os quais nós brancos - cristãos temos uma divida muito grande.
Agradeço muito a congregação pela vivência deste tempo num pedacinho da imensa Amazônia, que pela sua beleza revela a obra da criação, mas que pela mão do ser humano é constantemente destruída.
Agradeço de modo especial as minhas coirmãs que na minha ausência assumiram meus trabalhos, não prejudicando a caminhada da província.
A todas as irmãs, irmãos da Equipe Itinerante, aos povos indígenas pela vida compartilhada e vivida.
Sinto-me aberta e disposta a viver e assumir uma missão enquanto congregação na Amazônia, quem se sente com coragem? Não é este um novo espaço de missão para nossa itinerancia missionária?

Aldeia Maronal – Povo Indígena Marubo Crianças na escola aprendendo danças.
Quem tiver interesse em conhecer mais a região pode acessar Google – FUNAI – Vale do Javari.
Roselei Bertoldo Ir.

Retiro das irmãs em julho, 2007


Realidade da Província hoje

Atualmente somos 50 irmãs, que atuam em 7 Estados , sendo eles: RN, PB, CE, PI, BA, TO, e MA.
Atuação na linha da educação, movimentos sociais, Comunidades Eclesiais de Base, ONGs, CPT.

Temos como sugeitos prioritários:
Crianças e Adolescente, jovem e mulheres.