Somos comunidades inseridas

Minha foto
A Provícia é composta por 12 comunidades. Está presente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil- em 7 Estados: RN,PB,CE,TO,MA,BA E PI Com sede em Teresina - PI

sábado, 3 de novembro de 2007

Monografia de Ir. Marinete Ferreira dos Santos

Quais as conseqüências na vida de uma criança ou adolescente vítima do abuso sexual?
Ir. Marinete Ferreira dos Santos
Esta se constitui a questão central da monografia que apresentei ao concluir o ano de especialização do curso de Psicologia, no Centro Universitário de João Pessoa – UNIPE a qual se desenvolveu em base à pesquisa bibliográfica e de campo.
O abuso sexual de crianças e adolescente vem sendo, internacionalmente reconhecido pela maioria dos autores como um problema de saúde pública, de educação e de justiça, presente em todas as camadas da sociedade.
No Brasil, o abuso sexual, também se apresenta como grande vulnerabilidade sócio- econômica, política e cultural, desde a família da vítima, estendendo-se às instituições encarregadas de zelar pelos direitos da criança e do adolescente, pois ainda não se viabilizam as necessárias políticas públicas já garantidas pela legislação federal.
No conjunto dos fatores que sustentam essa grande vulnerabilidade, destacam-se: a “lei” do silêncio domiciliar que impede a legitimação das denúncias junto aos órgãos competentes, a morosidade da justiça para os julgamentos e a impunidade da maioria dos abusadores.
Neste contexto, quantas crianças e adolescentes num silencioso clamor vivenciam profundos sentimentos que ferem a sua dignidade, cujas conseqüências poderão perdurar ao longo da sua vida!
Em base à pesquisa bibliográfica, considera-se que as conseqüências do abuso sexual são inúmeras na vida de uma criança ou adolescente, manifestando-se em impactos biológicos, psicológicos e sociais. Alguns podem perdurar ao longo da vida como se constatou na pesquisa de campo, junto a três mulheres abusadas sexualmente, quando crianças ou adolescentes.
Na fala das entrevistadas, constata-se que a história de vida de cada uma, na sua infância e adolescência foi marcada por sentimentos e impactos de ignorância, silêncio, dor, medo, ódio, dependência, engano, ameaça e conflito. Em conseqüência, hoje, elas vivenciam situações de sofrimento, culpa e revolta.
Considera-se que esta pequena amostra da pesquisa de campo revela uma gama tão expressiva e indelével de sentimentos, cujas conseqüências - o sofrimento, a culpa e a revolta continuam inerentes no cotidiano dessas três mulheres. Então, que proporções teria o registro da história de vida das milhares e milhões de vítimas do abuso sexual, cuja ocorrência continua silenciada?...
Neste cenário, cujos personagens estão por trás do palco, como poderia se projetar outra sociedade possível - sem vítimas do abuso sexual?
Em base a este questionamento, constata-se que as mulheres já mencionadas, apesar de guardarem sentimentos e conseqüências do abuso sexual, que ferem a sua dignidade, hoje são portadoras de um dinamismo pessoal positivo, que na sua fala transparece em posturas de posicionamento, auto-afirmação e reconstrução da própria história.
Para essas mulheres decidirem romper com a submissão opressora do agressor, construir uma nova relação familiar digna, buscar apoio psicológico junto a pessoas em espaços diversos e inserir-se na comunidade local são fatores muito significativos, os quais confirmam que a desconstrução do trauma do abuso sexual é possível.
E como seria possível desconstruir a prática do abuso sexual em nosso país, diante da complexidade institucional já constatada – “a lei” do silêncio domiciliar? A morosidade da justiça para os julgamentos? A impunidade da grande maioria dos abusadores? A apartação entre as leis promulgadas e a viabilização das mesmas em políticas sociais de atendimento?
Sem dúvida, um processo educativo articulado entre todas as instituições encarregadas de zelar pela proteção integral da criança e adolescente é uma alternativa muito promissora para a construção de outra sociedade possível - sem o crime do abuso sexual. Para tanto, se faz necessário que esse processo educativo se desenvolva em programas eficazes, junto ao respectivo público, extensivo à população em geral, através dos mais diversos meios.
Como proposta de reintegração bio-psico-social de pessoas que sofrem, em conseqüência do abuso sexual ocorrido, quando crianças ou adolescentes, destaca-se como alternativa de grande eficácia, a Abordagem Centrada na Pessoa - ACP, preconizada por Carl Rogers.

Nenhum comentário: